sexta-feira, 27 de março de 2009

Não é ficção!

Há algumas semanas, eu tenho notado uma estranha padronização nos relatos de vítimas e espectadores de violência aqui no Brasil.

Com muita naturalidade, vítimas de seqüestro doméstico, espectadores de perseguição policial e testemunhas de ações judiciais têm dado declarações, no mínimo, espantosas. Ao invés das antigas críticas à sociedade, ao governo vigente, à puta que pariu os criminosos, ao sistema carcerário, à Deus e ao inferno, as nossas testemunhas oculares têm comparado - e com êxtase - a violência sofrida ou assistida aos seriados americanos e filmes hollywodianos.

Instigante, não é? Criada em grandes estúdios ou à espreita em alguma esquina, a violência está tão perto de nós que não nos abatemos mais. Essa reação tão terceiro milênio, me leva a crer que uma parcela da nossa violência de todo dia se deve à intenção de alcançar o status e a adrenalina alucinante das telonas na pacata vida real, sem graça, crua e sem dinheiro.

E agora você deve estar pensando: "Essa imbecil acha que tudo é culpa do cinema! Ah va!". Mas acalme-se, possível leitor, eu não acho isso, não. O problema está na cultura de deterioração da real life, das coisas simples, dos valores genesis, mas isso merece um outro post.

Bom, a verdade é que eu falei tuuuuuuuudo isso só para dizer que fiquei chocada com os depoimentos tão apáticos. O cidadão quase morre e ainda tem o disparate de dizer que se sentiu no meio de um seriado americano com a SWAT invadindo. Ô falta de bom senso.


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